sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Candymexicanboy.

Pisciano...logo vi, regido por Netuno, o Deus Netuno, o "fertilizador" da mitologia, senhor dos terremotos, do mar cor de vinho, traiçoeiro e cheio de ilusões profundas e intensas como o mar que é teu elemento... Cuidado com Netuno mocinha, pensei.
Sabe, tive vontade de fazer alguma coisa por ele. Mas eu só tinha uma vaga numa pensão ordinária
a chave de uma cabana mal assombrada e um número de telefone sempre fora de área.
Meus cabelos presos na nuca, vestido azul sujo com o sangue dele e molhado pela chuva, era uma moça com olhos de quem
está suportando, uma tarde extremamente chata.
Então ele ficou me olhando com aqueles olhos meio fatigados de quem também está suportando uma tarde extremamente chata,
só para ver uma moça que já tinha visto antes. Eu.
Quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais - por que ir em frente? (Nós nos perguntava-mos em silêncio)
Tudo era recíproco - até o medo de ferir, e este cresceu junto a nós, para então explodir num silêncio súbito;
Ou talvez estivessemos realmente destinados um ao outro, e mesmo sem o álcool, ou numa rua repleta de estranhos saberiamos nos encontrar.
Ou não.
-Eu encostei a cabeça no ombro dele.
-Ele apertou mais forte a minha cintura.
-Eu coloquei meus pés sobre o dele.
-E ficamos assim, rodando meio tontos... localizando, sitiando.
A pior parte?
Eu parada na porta às quatro da tarde.
Ele indo embora.
Eu me perdendo então desamparada entre cigarros e garrafas vazias.
Ele indo embora...
Ele não podia saber que a vodka era ele, que a água era ele, a montila era ele, a madrugada era ele, e até as flores, ou mesmo a pscina com sol, ou sem sol, era ele.
Às vezes quando ainda valia a pena, eu ficava horas pensando que podia voltar tudo a ser como antes;
Mas ao menos agora, eu quero ser como eu sou e como nunca fui e nunca seria se continuasse.
De todos os dias seguintes, só guardei três gostos na boca — vodca, lágrimas e montila.
Pensei, que seria capaz de usar até a minha pele para construír um cavalo branco para aquele príncipe.
Mas ele não queria, acho que ele não queria.
Agora estou toda madura repetindo: isso-passa-questão-de-tempo-tudo-bem.
Cá entre nós: fui eu quem sonhou que você sonhou comigo?
Eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça...
p.s. eramos tão jovens, tão caretas e carentes, estavamoss tão perdidos no meio daquela fantasia sub-mexicana prestes a acabar.
p.p.s. Fevereiro seja melhor e supere todas as angústias, medos, inseguranças e azar de um janeiro fodido.