domingo, 3 de agosto de 2008

"Espasmos finais..."

...E de repente já não havia saída. estava eu presa em mim mesma, socando minhas paredes, tentando me vomitar. e eu não era nada do que esperava ser um dia. e o meu fracasso emocional me consumia, lançava minhas forças ao vento. e o vento tinha cheiro de camomila, e se eu fechasse os olhos tudo seria tão amarelinho que poderia até acalmar. mas eu tinha medo de morrer num milésimo de segundo que fosse entre um piscar e outro.então lá estava eu: olhos abertos e ressecados por falta de lágrima. parecia até que eu temia de tão grandes que estavam. e eu temia mesmo. desconfiava até do tempo que me ajudava a definhar. meu amigo, querido tempo. nao fosse ele, não faltaria tão pouco pra acabar com essa brincadeira doída que é a vida. agora, por exemplo devem faltar menos de minutos. queria um relógio pra ver os segundos, contar até a hora da glória.os relógios mentem. alguns, digo. porque, se notar, eles mostram os segundos como interrompidos por uma pausa entre um e outro. o clássico tiquetaquear. tic. tac. tic. tac. percebe? quando na verdade os segundos são tão grudados que mais justo seria reproduzí-los num "iaiaiaiaiaia". ininterruptamente. para os desprovidos de certa "sacação lógica", idiotas, ali contam-se 12 segundos. ininterruptos.mas não há relógio no recinto. tampouco em meu pulso. fiz questão de me despir de tudo para este momento, deixar de ser como vim a ser um dia. bendito dia em que vim a ser. bendita palmada na minha bunda, médico [obriada querido!]. querida infância, ao menos. não que tenha sido realmente boa, mas é próprio do ser humano fantasiar o passado afim de amenizar o presente na estúpida ilusão de "eu era feliz e não sabia". mentira, sua doida, sua vida foi uma loucura. tua mãe é uma fria cauculista, teus coleguinhas te usavam porque você sempre foi boba. Tua juventude foi numa pindaíba do caralho, a faculdade ?Nem foi empurrada com a barriga e nenhum emprego te pagou o suficiente até hoje.e agora, aos 20, está você - falo comigo mesma, não se ofenda - aí, mais acabada que tua vó aos 80. caramba, meu pai![se estivesse aqui] teria um troço quando soubesse,ficaria se perguntando "onde foi que eu errei?". não foi erro teu, Pai. Digo, nao foi erro teu, pai, com o "p" devidamente minuscularizado. porque o dono do maiúsculo não sei onde estava com a cabeça quando começou tudo isso. deve ser divertido obrigar os outros a viver e ver o desespero que um pouco de ar nos teus pulmões pode causar.mas agora já falta menos que antes. eu deveria ter lembrado do relógio. droga. meus olhos estão abertos e ressecados e eu não consigo parar de pensar. e tenho medo de tentar piscar e não abri-los de novo e não conseguir concluir estes pensamentos ou talvez eu esteja inventando pensamentos com medo de parar de pensar e agora já estou imendando pensamentos sem uma virgulazinha sequer com medo de tentar pensar em outra coisa e então parar de pensar ou esquecer as coisas já pensadas porque afinal pensamentos são tudo o que tenho agora e nunca nunca na vida inteira eu poderia imaginar que flutuar por eles pudesse ser tão instigante por me adentrar. Caramba. eu deveria ter pensado mais. não sabia que dava essa onda toda.vou fecha-los agora. os olhos. talvez os pensamentos fiquem pretos também.olha! é amarelinho do lado de cá. e o cheiro de camomila no ar fez meu desespero desandar, ficar sem pernas, pular pra fora de mim de pára-quedas. Que tosco. depois de quaze morta me descubro que sou quaze poeta.eu deveria ter pensado mais.não sabia que dava essa onda toda.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

A Garota de dentro...

Lady Black era durona mas tinha medo..E se escondia de sua fraqueza atrás de atitudes tão desprovidas de tato quanto de .. propósito.A típica leoa feroz.Quando percebia que sua armadura estava ficando fina-e ela frouxa--tratava de dar patadas e manter a ordem natural do universo.pisava em qualquer mato antecipando a árvore.Cortava pescoços quando sua neurose avisava que daquela garganta poderiam ecoar algumas verdades afiadas feito facas de sushi,desagradáveis como azia. Um dia , Lady Black sentiu uma necessidade imcômoda, chata. Acordou com vontade de ser gentil.Queria,com uma urgencia de coceira,provocar sorrisos ao invés de carrancas mas não tinha a mínima ideia de como realizar tal façanha.Não tinha idéia da razão do desejo.Desnorteada,saiu da cama e foi refugiar-se num universo mais domável.E foi então que o teclado do computador tornou-se seu melhor amigo,mais intimo até que a dose de cosmopolitan que a acompanhava todas as noites,uma dose.Duas, se os contratempos tivessem desabado sobre ela. Suas sessões tardias eram feitas em segredo,nos horários que ninguém andaria pela casa para pegar um copo de leite. A primeira vez que se sentou na quase nova em folha cadeira almofadada e conseguiu terminar um texto,que fizesse sentido,foi uma aberração:era a sensação de ter parido..sem dor.Ou ter provado bardana e gostado...